Parcerias PIBITI-CNPq e UFRRJ

Categoria: Parceiros

Fruto de uma iniciativa do Angelo Montalvani da Reserva Botânica aqui em Silva Jardim o Horto A² da Fazenda dos Cordeiros firmou parceria com a Faculdade de Engenharia Florestal da Universidade Federal Rural do Estado do Rio de Janeiro através do EDITAL Nº 001 de 17 de maio de 2022 - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – (PIBITI-CNPq e PIBITI-UFRRJ)

Plano de trabalho 2: Caracterização funcional de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica: implicações para restauração ecológica

Projeto: Avaliação de modelos de restauração ecológica na Mata Atlântica: implicações teóricas e práticas

Introdução

A Floresta Atlântica apresenta elevada fragmentação (Ribeiro et al., 2009) devido ao longo processo de conversão de florestas em áreas agrícolas, principalmente pelo uso do fogo (Dean, 1996). Atualmente restam apenas 28% de sua cobertura florestal, onde maior parte é composta por florestas secundárias, ou seja, que regeneraram após o abandono de áreas agrícolas de baixa aptidão ou improdutivas (Rezende et al., 2018). Esse cenário de degradação da Mata Atlântica reforça a importância do aumento da cobertura florestal através de projetos de restauração ecológica. O plantio de espécies nativas é uma das técnicas de restauração mais utilizadas na Mata Atlântica (Guerra et al. 2020). A seleção das espécies consiste em uma das etapas mais importante do projeto, uma vez que a escolha inadequada invariavelmente causará o insucesso do projeto (e.g. Souza & Batista 2004). Em países magadiversos, como o Brasil, o número de espécies representa um desafio adicional, uma vez que ainda não conhecemos a ecologia da maioria das espécies nativas. O uso da abordagem funcional tem sido apontado como uma alternativa viável para lidar com essa questão, uma vez que as espécies seriam classificadas a partir de sues atributos funcionais.

Os atributos funcionais são características morfológicas, fisiológicas ou arquiteturais que conferem respostas e efeitos das espécies nas comunidades (ver Díaz & Cabido 1997; Violle 2007). Desta forma, através da caracterização funcional das espécies seria possível prever seu comportamento no estabelecimento e desenvolvimento em diferentes condições ambientais, assim como verificar sua tolerância a seca, por exemplo (Aubin et al. 2016). Embora a abordagem funcional venha sendo estudada majoritariamente no campo da ecologia sensu stricto (McGill et al. 2006), o uso dessa abordagem na restauração ecológica é muito promissor (Cadotte et al. 2010). No entanto, poucos estudos avaliaram aspectos relacionados aos atributos funcionais em mudas ou etapas iniciais de projetos de restauração (e.g. Martinez-Garza et al. 2013). Desta forma, a caracterização funcional das espécies constitui uma importante ferramenta para seleção de espécies em projetos de restauração.

Objetivo geral

O presente tem como objetivo geral realizar a caracterização funcional de mudas de 30 espécies arbóreas nativas da Mata Atlântica utilizadas com frequência em projetos de restauração ecológica na Mata Atlântica

Objetivos específicos:

Quantificar a redundância e singularidade funcional entre as espécies; analisar a variação interespecífica e intraespecífica das espécies; quantificar a integração fenotípica das espécies; avaliar a tolerância a seca das espécies a partir da avaliação dos atributos funcionais.

Metodologia:

Área de estudo:

As medidas serão realizadas em mudas do viveiro florestal da Estação de Tratamento do Guandu, município de Nova Iguaçu, da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE). Esse viveiro tem capacidade de produzir 300 mil mudas por ano e no Horto A² da Fazenda dos Cordeiros com capacidade de 100 mil mudas ano. A seleção das espécies será realizada a partir da demanda pelos restauração e da diversidade de famílias botânicas. As medidas serão realizadas em 20 indivíduos de cada espécie, totalizando 600 indivíduos mensurados.

Atributos funcionais:

Serão medidos 8 atributos funcionais relacionados com o estabelecimento e a persistência das espécies nas comunidades (Perez-Harguindeguy et al. 2013). Todos os atributos serão medidos seguindo protocolo de Perez-Harguindeguy et al. 2013. Segue abaixo a lista dos atributos funcionais: Área foliar específica (cm2/g) (AFE) - Está positivamente relacionado com a taxa de crescimento relativo. Plantas em ambientes com mais recursos tendem a apresentar maiores valores de AFE; Área foliar (cm2) - Associado ao uso de luz e água pela planta; Conteúdo de matéria seca da folha (mg/g); CMS - Possui correlação negativa com o crescimento relativo. Folhas com maiores CMS apresentam maior resistência a danos (ex. herbivoria); Densidade da madeira (g/cm3); DM - Apresenta correlação negativa com a taxa de crescimento relativo. Espécies com valores mais elevados apresentam maior longevidade; Conteúdo foliar de Nitrogênio (N), Carbono (C) e Fósforo (P);

Análise dos dados:

A classificação dos grupos funcionais será realizada a partir de análises de ordenação (Análise de Componentes Principais; Análise de Coordenadas Principais) e outros métodos multivariados (Legendre & Legendre 1997).

Formação

O tema do plano está diretamente associado a uma lacuna do conhecimento reconhecida por artigos recentes na área de conhecimento (ver Laughlin et al. 2016). Desta forma, a execução do plano cumpre uma etapa importante para o avanço do conhecimento na área. Já em relação aos resultados, a pesquisa tem potencial para uma grande contribuição na tomada de decisão com a seleção adequada das espécies para restauração. A execução do plano de trabalho pelo discente selecionado irá proporcionar a sua capacitação técnica, formação científica através da execução de todas as etapas do projeto (coleta de dados, análise, escrita e comunicação em eventos acadêmicos).

Referências

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Cadotte, M.W., Carscadden, K. & Mirotchnick, N. (2011). Beyond species: functional diversity and the maintenance of ecological processes and services. Journal of Applied Ecology, 48, 1079–1087.

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Laughlin, D. C. (2014). Applying trait-based models to achieve functional targets for theory-driven ecological restoration. Ecol. Lett. 17, 771–784. doi:10.1111/ele.12288.

Laughlin, D. C., Strahan, R. T., Huffman, D. W., and Sánchez Meador, A. J. (2016). Using trait-based ecology to restore resilient ecosystems: historical conditions and the future of montane forests in western North America. Restor. Ecol., 1–12. doi:10.1111/rec.12342.

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Ribeiro, M. C.; Metzger, J. P.; Martensen, A. C.; Ponzoni, F. J.; Hirota, M. M. The Brazilian Atlantic Forest: how much is left, and how is the remaining forest distributed? Implications for conservation. Biological Conservation, v.142, n.6, p.1141-1153, 2009.

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Violle, C., Navas, M.-L., Vile, D., Kazakou, E., Fortunel, C., Hummel, I., et al. (2007). Let the concept of trait be functional! Oikos, 116, 882–892.

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